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Casos Clínicos

Homem, de 69 anos dá entrada no serviço de urgências 3h após ter ingerido lixívia numa tentativa de suícidio. Realizou uma tomografia computorizada ao peito que revelou edema no esófago e bolhas de ar no mediastino. Apresentou também edema na laringe sendo entubado e assistido por ventilação mecânica durante 9 dias. Ao 10º dia, uma endoscopia mostrou hiperemia difusa da mucosa, erosão e lesões laceradas na mucosa do esófago que indicavam esofagite corrosiva de grau 2b. Foi iniciado um tratamento com um inibidor da bomba de protões, resultando numa melhoria do estado do esófago e após 44 dias verificaram um estreitamento da parte superior do esófago. 64 dias após internamento o paciente recebeu alta sem nenhuma queixa. Assim, a ingestão de hipoclorito de sódio induz esofagite corrosiva e gastroentrite aguda. [25]

Mulher, 29 anos vai ao dentista com queixas de dor severa e ardor com ocasional dor aguda afiada e dormência persistente. Os sintomas começaram à 7 meses, após uma endodontia com irrigação usando hipoclorito de sódio. Antes desta consulta a paciente já tinha sido vista por um neurologista que lhe prescreveu o uso de metilprednisolona, anticonvulcionantes, anti-inflamatórios e opióides. Exames demonstraram alodinia mecânica estática e dinâmica assim como defeitos neurológicos no lado esquerdo da face sugerindo dor central e periférica. Foi diagnosticada com neuropatia traumática dolorosa periférica do trigémio, envolvendo os seus três ramos, do lado esquerdo.  Para melhorar a sua qualidade de vida foi adicionado um stent neurosensorial oral e alterada a medicação. [26]

 

Mulher, 57 anos, apresentava insuficiência respiratória após ter estado a limpar a casa de banho. Os seus sintomas incluíam dispneia grave com pieira audível, dificuldades em falar, cianose labial e distúrbios de consciência. Ainda em casa foi necessário realizar manobras de respiração cardio-respiratórias. Quando deu entrada no hospital estava em assistolia, mas após reanimação no hospital recuperou os sinais vitais. Apresentava um nível 3 na escala de Glasgow, com midríase bilateral não reativa e uma temperatura corporal de 33ºC. Não apresentava edema na laringe e a aspiração da traqueia não apresentou secreções. O eletrocardiograma apresentou uma anomalia no lado esquerdo mas sem alteração do segmento ST. Segundo o historial, a mulher usou uma mistura de lixívia e amónia. A mulher acabou por não resistir, falecendo um dia após ter sido internada. [27]

[25] Nakano, H., Iseki, K., Ozawa, A., Tominaga, A., Sadahiro, R., & Otani, K. (2014). [Conservative treatment improved corrosive esophagitis and pneumomediastinum in a patient who ingested bleaching agent containing sodium hypochlorite and sodium hydroxide]. Chudoku kenkyu: Chudoku Kenkyukai jun kikanshi= The Japanese journal of toxicology, 27(1), 39-44.

[26] Matthews, J., & Merrill, R. L. (2014). Sodium hypochlorite–related injury with chronic pain sequelae. The Journal of the American Dental Association, 145(6), 553-555.

[27] Labourel, H., Mausset, V., Bodin, J. F., Gautier, T., & Fusciardi, J. (2013). Eau de Javel et détergents: mélange mortel!. In Annales francaises d'anesthesie et de reanimation (Vol. 6, No. 32, pp. 450-451).

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